quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Encarando a Morte...

   Falar de morte pode parecer bem melancólico e triste, mas é um assunto que não deveria ser deixado de lado. Quando estamos com familiares ou amigos numa conversa informal e alguém começa a falar de morte logo as outras pessoas querem mudar de assunto e batem três vezes na madeira num gesto de superstição para "isolar" (afastar) o "mal". Isso é muito ruim, pois quando nos distanciamos da morte e não falamos sobre ela estamos automaticamente nos privando de um entendimento mais profundo não só sobre a morte como também sobre a própria vida. Aliás, esse distanciamento só torna pior o momento em que nos deparamos com a morte de alguém que amamos. Estou certa de que se tratássemos a morte como um processo natural do ciclo da vida (nascer, crescer, reproduzir - há controvérsias - e morrer), se falássemos sobre isso com nossas crianças, sofreríamos menos. Eu sei bem que nem toda morte é natural. Muitas vezes as pessoas perdem suas vidas de forma brutal e, nesses casos, é compreensível que fiquemos muito triste e depressivos, com raiva do mundo, de tudo e de todos. Sei bem disso por que já passei pelas duas situações - morte natural, devido a doença, e morte brutal, devido a violência de outras pessoas.

   Na primeira vez que me deparei com uma situação de morte eu tinha treze anos. Nunca vou esquecer aquele dia e tudo o que aconteceu na semana anterior, no mês anterior ou mesmo naquele ano. A história como me lembro começa na virada do ano de 2003 para 2004. Eu estava na praia com minha família (meu pai, minha mãe e um dos meus irmãos). Depois da contagem regressiva para a chegada do ano novo, os fogos começaram a estourar e eu, que estava nos ombros do meu pai, comecei a chorar compulsivamente. O porque daquele choro? Eu não sabia explicar, tinha só doze anos e ainda não sabia que as coisas tem significados além do que podemos compreender no exato momento que acontecem. Eu e meu pai éramos muito amigos, conversávamos bastante e um dia, mais ou menos umas duas semanas antes dele morrer, nós conversamos sobre morte. Ele me disse que quando morremos é por que nossa missão na vida já foi cumprida. Eu é claro, como qualquer criança/adolescente, não aceitei. Eu queria um pai imortal. Alguns dias se passaram e numa manhã quando eu voltava da escola encontrei minha mãe, uma das minhas tias e uma amiga da família juntas, com expressões bem tristes, já a minha espera.
  
  Nossa, eu achava que aquele era o pior momento da minha vida! Mas, sem dúvidas, pior que saber da morte é enterrar alguém! A imagem não sai da nossa cabeça nunca. Eu fique em depressão por um tempo, mas como sempre, sofri calada. Não sou muito boa em falar de sentimentos negativos que sinto e isso é muito ruim, pois quando guardamos tudo pra gente é mais difícil superar. Felizmente estou mudando. Já fazem oito anos e hoje posso dizer que apesar de não aceitar posso viver com a falta que meu pai me faz.

   No ano passado (2011) quando minha avó materna morreu, todo  aquele sentimento ruim, aquela sensação de vazio que senti quando meu pai morreu voltou. Eu achei que ia ficar louca! Lá se foram mais dois longos meses em depressão, baixo rendimento na faculdade, sem animo até pra viver... Chorava por tudo, só tinha pensamentos ruins achando que algo ia acontecer com minha mãe ou irmãos.

   Todos vamos enfrentar a experiencia da morte um dia, e não estou me referindo a nossa morte e sim a morte de alguém que amamos. Todos os dias os noticiários da TV falam da morte de alguém e eu quase sempre fico triste por que penso naqueles que ficaram sem a pessoa amada, seja um filho, uma mãe ou um pai, um marido, etc.

   Eu não tenho problemas para falar do meu, pelo contrário. Eu gosto. Tenho orgulho de ser filha dele. Acho que com o passar dos anos e com a maturidade e conhecimento/crenças que vieram junto eu estou me fortalecendo para o futuro inevitável. Acredito que enquanto a morte não deixar de ser tratada como um tabu em nossa sociedade não teremos a paz de espirito necessária para enfrentar a perda e menos ainda para deixar quem se foi descansar em paz.

   A teoria é muito simples, eu sei. Mas a vida é constituída de exercícios diários!

   Muita PAZ!

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